Escrever sobre o amor nunca foi uma imposição. O que para alguns seria uma responsabilidade mensurada em descrever o indescritível, para mim, nada mais é que exprimir e transbordar algo permissível de tato. Escrevo amor porque acredito. E por acreditar não poderia escrever ao menos que o vivesse. Hoje, não apenas o vivo, como também o reconheço. Mesmo no seu curto espaço, a vida sorriu. Expressão larga, mãos acolhedoras e lábios adocicados de poesia. Ela tem nome, sobrenome e coração. Interessante é a densidade do romance a dois. Nada de tragédias clássicas ou histórias sedutoras para o público emocionar-se e lotar plateia. É sentimento sadio, cuidadoso e cúmplice dos instantes. Fez-se carinho numa noite, encheu de felicidade e abraços no dia seguinte.
Nada se compara com a paz de poder dizer sem precisar falar. Quando você encontra essa sinestesia afetuosa e o respeito sincero, tenha certeza que, coisas boas acontecem. Vai além dos modismos baratos e da necessidade de não estar só. Pois, diante dos gestos, a simplicidade faz moradia. Querer deixa de ser uma oportunidade à espera da reciprocidade. Vivemos para amar. Se não fosse dessa forma, qual seria o sentido? Tendo em mente tamanho pulsar, sigo contente, esperançoso e novamente capaz de sonhar junto. Já nem preciso recorrer de vocabulários e inspirações imaginadas. Liberto-me de qualquer amarra no encontro do amor. Deveria ser assim para todos. Porque por mais que exista o frio na barriga e o medo da queda, um segundo de amor é viver de olhos abertos.
Minha alma sabe que, apesar dos riscos e indícios passados, talvez fosse melhor deixar seguir e adestrar os próximos passos. Mas não sou bom em medir nós dois. Nem quero. Prefiro saborear o novo de novo. Afinal, se a sorte acenou, tenho mais é que aproveitá-la e segurar com ternura os seus dados. Quem sabe até consiga escrever o que é o amor.