Desenvolvida por cientistas do Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, a Coronavac atingiu uma eficácia de 78% em casos leves de Covid-19, de acordo com testes don Butantan na fase 3 da pesquisa. O índice é considerado bom, porém o sucesso na erradicação da covid-19 depende de mais fatores.
Com bem explica a matéria de Carlos Madeiro para o UOL, a eficiência de uma vacinação é calculada também levando em conta aspectos como o público-alvo e a cobertura vacinal alcançada. Conclui-se, portanto, que é de fundamental importância vacinar as pessoas certas em número suficiente para barrar o vírus.
Ouvida pelo UOL, Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), explicou que “Nenhuma vacina tem eficácia de 100%”.
Algumas das vacinas incluídas no calendário do PNI (Programa Nacional de Imunização) têm até eficácia geral menores que as de vacinas contra o novo coronavírus já divulgadas, mas que nem por isso deixam de produzir grandes impactos coletivos.
Vale destacar que, ao longo dos anos, o Brasil conseguiu se livrar ou tornar doenças infecciosas menos incidentes graças à vacinação. É o caso da varíola e da poliomielite, por exemplo. Também através da vacinação foram reduzidos casos e mortes por febre amarela e Influenza, com vacinações de público-alvo ou por meio de campanhas. Já doenças como o sarampo voltaram, não por falta de eficácia da vacina (que atinge 95% a 97% na segunda dose), mas por baixa cobertura vacinal.
Uma vacina conhecida dos brasileiros com eficácia menor que a CoronaVac é a da influenza (gripe), dada anualmente a idosos e grupos prioritários. Ela previne gripes de cepas, como a H1N1, mas tem uma eficácia média entre 60% e 70%. O valor, porém, varia ao longo dos anos e já atingiu menos de 50%.
“Existe uma diferença na vacina da CoronaVac para a de influenza: como a da influenza é feita com vírus que mais circularam no inverno anterior no Hemisfério Sul aqui no Brasil, às vezes há um desencontro das cepas. Então, a eficácia diminui, é normal isso, medimos isso após a vacinação”, explica Melissa Palmieri, diretora da regional São Paulo da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunização).
No caso do novo coronavírus, há hoje dezenas de variantes, mas todas de uma cepa. Por isso, as vacinas já produzidas conferem imunidade contra qualquer forma existente do SARS-Cov-2.
A ciência ainda segue atuando para aprimorar a imunização. Por ainda não termos vacinação em massa, ainda serão esclarecidos pontos como se a transmissão será reduzida com a vacinação usando os imunizantes atuais.
“A gente tem vacinas mais eficazes, menos eficazes. Mas são fatores como a estratégia, o público-alvo e o número de pessoas a serem vacinadas que vão trazer o resultado na prática. Só a eficácia não é parâmetro”, completa a especialista da SBIm.
Como no caso da CoronaVac, outros imunizantes no país não eliminam a doença, mas previnem suas formas graves, como é o caso do bacilo que causa a tuberculose.
Como cada agente infeccioso tem comportamentos próprios, cada vacina tem sua tecnologia e forma de agir. A eficácia é considerada como um pré-requisito. Por exemplo: para ser aprovada na Anvisa, uma vacina contra o novo coronavírus teria de alcançar ao menos 50%.
“A vacina da tuberculose não tem uma eficácia muito alta, é de 60% para a forma pulmonar clássica. Mas ela previne as formas graves da doença. É uma forma de trabalhar com a redução do impacto da doença”, explica a epidemiologista, professora e pesquisadora Ana Brito, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e UPE (Universidade de Pernambuco).
A vacina contra a tuberculose previne formas graves como meningite tuberculosa e tuberculose miliar (que se espalha pelo corpo). Ela deve ser dada ainda em bebês e é gratuíta. No caso da CoronaVac, a eficácia contra a forma grave de covid-19 foi de 100%, segundo o governo de São Paulo.
Alguns imunizantes conseguem prevenir a doença. “É o caso das vacinas contra o sarampo ou contra rubéola, por exemplo, que são capazes de prevenir a doença por produzir um pool de imunidade. E em tese, a proteção contra a doença dura mais tempo e pode até ser permanente”, diz.
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Redação Conti Outra, com informações de UOL.
Foto destacada: PEDRO PARDO/AFP
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