Haveria muito menos sofrimento afetivo no mundo se nos déssemos conta de que não há nenhuma fórmula – mágica ou matemática -, capaz de definir o formato, o sabor ou a textura de qualquer relacionamento.
Vivemos apegados demais à certeza de que há uma alma gêmea vagando por aí à nossa espera ou procura. Vivemos isolados em bolhas de ilusão, e seguimos acreditando que a família do outro é perfeita, que os filhos dos outros dão muito menos trabalho, que os pais dos outros foram muito mais atentos e amorosos.
E todas essas certezas acabam por nos confinar num lugar de extrema solidão. São essas tolas certezas que nos impedem de enxergar além das aparências e encontrar em nossos relacionamentos amorosos, de amizade ou familiares, encantos únicos que foram sendo tecidos a partir das possibilidades afetivas de todos os envolvidos.
É maravilhosamente libertador ser capaz de abrir os olhos para outras possibilidades de se conectar com outro; entender que é exatamente essa imperfeição que nos possibilita transformar crenças e apegos em coisas muito mais reconfortantes e reais.
Esses caixotinhos de modelos pré-concebidos só servem para nos deixar vazios e infelizes. Ficamos ali, dentro das caixinhas de estereótipos afetivos que vão nos transformando em ridículas caricaturas de nós mesmos.
Se nossos filhos parecem testar nossa capacidade de acolhimento e paciência… ótimo! Façamos desses testes, oportunidades de alargamentos emocionais e flexibilização de nossas convicções.
Se nossos parceiros ou parceiras parecem distantes demais da figura idealizada que construímos em nossos corações e mentes… sensacional! É sinal que são pessoas inteiras e que não se deixaram moldar ao bel prazer de nossos caprichos.
Se os amigos parecem pouco envolvidos conosco, distantes e ausentes… que maravilha! Talvez esteja na hora de ressignificar essas relações para encontros diferentes. Ou mesmo, talvez, esteja na hora de conhecermos outras pessoas e alargarmos nossos horizontes emocionais.
Sendo assim… Um “SALVE!”para todos nós que formos capazes de abrir mão de algumas certezas e trocá-las por um infinito de possiblidades! Nem o céu é o limite! Aliás… não existem limites!
Imagem meramente ilustrativa: cena do filme “Truque de Mestre”
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