Há pessoas que nos pregam um susto bom com a sua chegada repentina, marcam presença com seu jeitinho doce e sorrindo com os olhos colorem nossos dias.
Há outras que entram de mansinho na vida da gente, preenchem lacunas, desatam os nós do acúmulo de experiências e contribuem com a escrita de uma nova história.
Há aquelas que, juradas para sempre, preservam a amizade, ocultam os segredos mais íntimos – porque cultuam o amor – e nos lambuzam com o sabor de sua doçura.
E há tantas outras que, entremeadas ao enigma da vida, se deslocam da saudade e se fazem presentes em sua essência, nos abraçam no calor da lembrança e se perpetuam para o resto da vida!
A vida é mesmo um enigma! As mesmas pessoas que nos pregam um susto bom com a sua chegada repentina, repentinamente, vão-se embora, levando consigo toda aquela ternura camuflada dos dias coloridos.
E por isso os dias tornam-se cinzentos – porque sujeitados à dor da saudade e à dor do abandono – passam a conviver com a dor da espera, com a espera finita de dias infinitos de amor e doçura.
Aquelas pessoas que se fizeram presentes quando já estavam ausentes da memória – e tantas outras porque, em segredo, foram trancafiadas no peito – não mais sorriem com os seus olhos de amor para os olhos de dor. E de mansinho vão-se embora, para darem cor a uma nova história.
Elas, que passaram pela vida de tantas outras, seguem seu rumo sem mais lambuzarem com o sabor de doçura outro coração em flor! Passam a viver como os bem-te-vis, que vão deixando atrás de si um rastro de amor e sem promessas de ao ninho, voltarem.
A vida é mesmo um enigma! O coração – mesmo sabendo que seria desencantado com o susto bom – continua encantado com o jeitinho doce que ficou guardado em sua alma depois das ausências!
Imagem de capa: Sasa Prudkov/shutterstock