Marcel Camargo

Visualizar a mensagem e não responder já é uma resposta

Imagem de capa:  Jacob Lund

Tudo bem que os dias estão por demais acelerados e corridos, deixando-nos sem tempo de fazer o que não estiver agendado, permitindo-nos poucos segundos de trégua, para nos dedicarmos ao lazer e ao nada fazer. Mesmo assim, há certas necessidades que não podemos deixar de lado, ainda que não se trate de compromisso de trabalho. Não somos reduzidos ao serviço, somos alguém que sonha além dos escritórios e dos compromissos sérios.

Estamos cansados de saber sobre a importância de regar os afetos que caminham conosco, sem perder tempo com os desafetos que nos rodeiam, mesmo à nossa revelia. É algo óbvio a necessidade de mantermos por perto quem se importa conosco, quem é sincero e nos espera ao final do dia, torcendo sempre por nossas conquistas, chorando junto, comemorando junto.

Da mesma forma, a importância das amizades certas não se contesta, uma vez que termos mãos amigas nos amparando e nos resgatando de nossos desvios, de nossas dores, fará toda a diferença em nossa jornada. Mesmo que seja um único amigo em quem possamos confiar, o retorno afetivo de quem gosta da gente com sinceridade fortalece e motiva, sendo um alento nas noites sem cor de nosso caminhar.

Querendo ou não, acabaremos nos esquecendo de gentilezas mínimas que deveríamos manter em nossas obrigações diárias, como um sorriso a quem acorda conosco, um elogio a quem nos faz bem, um carinho em quem faz parte de nossas vidas, uma resposta breve a quem nos manda mensagens, porque isso é importar-se, é mostrar que sabemos que o outro existe e é importante para nós. É fazer-se presente, mesmo quando há distâncias e obrigações ali no meio.

Não precisa responder às mensagens de imediato, não precisa ficar dizendo “eu te amo” o tempo todo, não precisa procurar sem parar, convidar para tudo, nem estar sempre presente. Mas precisa retornar no tempo certo e na medida exata das necessidades alheias, porque é bom e vital sabermos com quem podemos contar. Saber que o outro poderá vir, não a qualquer hora, mas bem quando precisarmos, tranquilizará tudo o que temos pela frente. É assim que as coisas duram.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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