Diego Caroli Orcajo

Viver pode ser muito caro – e não me refiro a dinheiro

A vida é imprevisível. Às vezes é curta, às vezes longa. A vida, às vezes é economicamente próspera, às vezes economicamente miserável. A vida, às vezes encantadora, às vezes também se mostra caótica.

Nessa nossa vida, que poderia ser vista como uma enorme sequência de fugas e evitações daquilo que nos traz sofrimento, nos empenhamos em manter por perto aquilo que nos faz bem e que nos move em direção àquilo que sonhamos (lembrando que, na imensidão das vezes, passamos muito mais tempo fugindo da dor do que buscando a felicidade).

Penso que a vida, basicamente, ocorre dentro de dois grandes formatos:

Há a vida em que existem picos de empolgação e felicidade. Nessa vida você amadurecerá e aprenderá muitas coisas importantes sobre você, sobre os outros e sobre o mundo. Existe, entretanto, um custo extremamente elevado em viver dessa forma: você precisará estar disposto a perder tudo o que tem (e, inevitavelmente, perderá) repetidas vezes.

Essa vida, que é aquela que de fato gera experiências que nos humanizam, custa extremamente caro porque ela é construída sobre um tijolo de realidade e mil tijolos de fantasias, idealizações e sonhos. Por mais que o destino seja muito gentil, raramente tal construção permanece em pé – e aí mora o problema. A cada vez que o seu mundo desmorona você tem a impressão de que perdeu mais do que investiu. Junto com o fim de um relacionamento, por exemplo, pode morrer, temporariamente ou não, a capacidade de confiar afetivamente em outras pessoas, a capacidade de amar e, não tão menos frequente, o desejo de viver. Junto com o fim de um ciclo da carreira pode morrer a sua autoconfiança, a sua força de se aprimorar e o seu ânimo de seguir em frente. Em todo desmoronamento perde-se muito, entretanto, a vida com significado tem como matéria prima momentos de intensa alegria e dor.

Por outro lado, há outra forma de viver. Esta, por sua vez, é comparável a uma aplicação financeira na poupança. Você praticamente não corre riscos, entretanto, passa por poucas experiências engrandecedoras e, somente muito casualmente, será bem recompensado e sentirá felicidade em estar vivo. Há menos sofrimento, mas, por outro lado, existe um infinito vazio. A experiência da vida torna-se altamente tediosa e, de forma nem sempre óbvia, a pessoa passa toda a sua existência à espera (seja de um milagre: que coisas magníficas ocorram sem que haja exposição ao risco de sofrer, ou seja da própria morte).

Ninguém passa todo o tempo em apenas um dos referidos formatos. O tédio prolongado e grandes decepções casualmente nos fazem arriscar outras rotas, em busca de outros desfechos.

Enfim, assim é a vida, um mar de sentimentos e necessidades que oscila e nos tira do conforto para mostrar que, por mais estranho que pareça, a dor também é caminho.

Ah, a vida…

Diego Caroli Orcajo

Desde muito cedo interessado por todas aquelas histórias que mais ninguém desejava ouvir, sempre soube que todos poderiam ir muito mais longe do que acreditavam ser possível. Atua como Psicólogo Clínico na cidade de Águas de Lindóia, interior de São Paulo. Para mais informações e agendamentos entre em contato pelo email: diego_caroli@hotmail.com

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