Talvez um dos grandes desafios que temos na vida é o enfrentamento do vazio interior.
Passamos muito tempo nos preenchendo com ilusões, até que alguma situação chegue e nos deixe sem saída: é a hora de ver o que realmente importa.
Podemos achar que estamos bem com posses materiais, com prestígio social, com um trabalho bom, com um belo relacionamento, com viagens, com amizades, até mesmo com a caridade que praticamos.
Todavia, se tirarmos essas coisas da nossa vida, o que resta? O que sustenta o nosso ser, se excluirmos as coisas exteriores?
Há muitas coisas que só alimentam o nosso ego: vaidade, status, reconhecimento, aparências. E há outras tantas que só alimentam – ou, muitas vezes, envenenam – o corpo: comida em excesso, álcool, prazeres…
Como anda a nossa alma, olhando-a por si mesma? Ela brilha, ela tem a sua verdade, ela é consciente, ela se sustenta? Ou ela apenas se escora em coisas externas, estando fraca e relegada a segundo plano?
Sim, a vida terrena é cheia de distrações. Ela é para ser desfrutada e experimentada, mas a sua razão maior é o crescimento e a expansão do ser.
Muitas vezes, acabamos esquecendo disso, e nos perdemos em ilusões sem fim.
E quando a nossa consciência começa e se expandir e vemos que não é bem assim, sentimos o quanto pode ser doloroso encarar o nosso vazio.
Muitas vezes, desistimos neste ponto e voltamos para o mundo das ilusões. Até, novamente, a vida nos impor situações que nos conduzem, mais uma vez, ao despertar.
Um despertar que, muitas vezes, é doloroso, mas não tem saída: precisamos encarar.
Reconhecer a dor, aceitá-la, acolhê-la e senti-la em toda a sua profundidade.
Só assim, conseguiremos transcendê-la e ir além, dando os próximos passos para nos tornarmos um ser cheio de luz, daquela luz que vem da alma e que, por isso, se sustenta e se expande.
É um processo: demora, dói, exige disposição, dedicação, autocuidado, amor, coragem.
Coragem para ir fundo dentro de si, encontrar as mais diversas inferioridades e sombras, e não se assustar, não paralisar, persistir, enfrentar, acolher.
Para, assim, resplandecer.
E verdadeiramente viver.
Por Susiane Canal