E como merece, viu? Não há nada demais em querer alguém que respeite, cuide e admire os seus pontos fortes e fracos. Alguém que procure entender e participar da sua história. Alguém que realmente tenha a intenção de permanecer e contribuir, mesmo nos piores dias, num sincero sentimento de cumplicidade.
Nada de pouco. Nada daqueles amores que chegam assumindo funções e direcionando objetivos sem te consultar. Antes de tudo, nada disso é amor. Encontrar alguém especial não significa encontrar a perfeição em pessoa, mas isso não quer dizer que ela não tenha preocupações e legítimas atitudes de carinho.
Conhecer alguém especial é saber que ela não brinca com você. Que ela não atropela os seus sonhos para fazer valer os dela. Que ela sequer carrega essa prepotência de disputar uma queda de braço com você. E é exatamente por entendimentos assim que você não deve aturar uma vida inteira de meros vislumbres de alguém que deveria ser especial.
Pare de responsabilizar metades alheias. Esqueça essa mágoa, esse triste e solitário buraco que faz com que você se aproxime de repetidos quase especiais. É perda de tempo. Seu e delas. Porque enquanto estiver procurando janelas para aquecer o coração, porta alguma fará sentido. E entrar dessa forma, sem convite e autoconhecimento do que se espera, é o crime mais praticado pelos supostos amantes.
Faça diferente. Observe os espaços deixados, troque de lugar alguns pensamentos – renove-os, se for preciso. Tenha paciência e um zelo definitivo pela sua caminhada até aqui. Aos poucos, novas pessoas pediram passagem. A diferença é que agora você saberá quais delas são merecedoras da sua morada, da sua ternura.
Para merecer alguém especial todos os dias, você deve sentir-se tão especial quanto. Prezando, igualmente, realistas demonstrações de afetos e reciprocidades. É o mínimo nesses tempos de amores cambaleantes.
Imagem de capa: Os Amantes (1958) – Dir. Louis Malle