Se tem uma coisa que está dentro de nós e que podemos guardar só pra gente, sem a influência de nada nem ninguém, é o nosso pensamento, certo? Errado.
Há tantas influências externas que moldam seus pensamentos que você simplesmente pode não estar em total controle de suas emoções, crenças e sentimentos. Suas próprias decisões, consequentemente, podem não ser realmente suas.
Veja:
A pressão dos colegas é mais comumente vista como uma coisa ruim do que boa. Ela pode ser boa, por exemplo, incentivando as pessoas a aprender umas com as outras e explorar novas ideias e hobbies, mas é geralmente percebida apenas como a má influência de amigos incentivando outros a experimentar uma nova droga. Seja boa ou ruim, se você acha que está livre dessa pressão, saiba que ela é uma influência mesmo quando não nos damos conta.
Essa pressão é ativada em uma parte específica do cérebro que sinaliza uma recompensa. De acordo com um estudo da Universidade de Temple (EUA), exames cerebrais realizados em adolescentes mostraram que eles eram mais propensos a violar a lei em um jogo de videogame se um amigo o estava assistindo. Esse ato inflamou os centros de prazer e recompensa dos cérebros dos participantes. O mesmo estudo realizado com adultos descobriu que a pressão social é um fator mais importante para adolescentes. A pesquisa também sugeriu que quando os adolescentes estão cientes de que estão sendo observados por outros, seu comportamento muda drasticamente, quer eles tenham conhecimento disso ou não.
Existe uma maneira de ajudar a tornar o cérebro mais preparado para combater os efeitos da pressão social, no entanto: ensinando o adolescente a argumentar. Adolescentes que são ensinados a serem capazes de expressar suas próprias opiniões são mais propensos a reconhecer e a resistir à pressão social.
Claro que publicidade funciona. As empresas não gastariam enormes quantias de dinheiro com isso se não funcionasse. Elas também sabem o que funciona melhor, e é por isso que vemos tantos comerciais aleatórios com mensagens aparentemente sem relação com o produto que estão tentando vender. Um estudo feito pela Universidade George Washington e pela Universidade da Califórnia (ambas nos EUA) apresentou a voluntários propagandas que usavam fatos reais sobre um produto, bem como comerciais que usavam ideias de sentir-se bem ou imagens aleatórias que pareciam não ter nada a ver com o produto real. Ao visualizar a lista de fatos, a quantidade de atividade elétrica no cérebro foi significativamente menor do que quando a pessoa viu um anúncio com mais imagens divertidas. Mesmo que absurdas, elas provocaram uma resposta maior do cérebro.
A publicidade também é projetada para funcionar mesmo se você avançar rapidamente através dela. Com a invenção dos gravadores digitais de vídeo, foi originalmente pensado que os anúncios de televisão iriam perder a sua eficácia, porque as pessoas os pulariam. Estudos realizados pela Harvard Business Review têm mostrado que isso não é verdadeiro. A fim de avançar, você precisa estar olhando para a tela para saber quando parar de novo. Isso significa que você está prestando atenção ao anúncio ainda mais do que se você simplesmente saísse da sala ou fizesse outra coisa durante o intervalo. Quando você está no modo avanço rápido, seu cérebro vê um Big Mac piscar na tela e, mesmo que você não assista a propaganda toda, pensamentos de um Big Mac ainda são plantados em sua mente.
Decoradores dizem que devemos escolher as cores dos ambientes de nossa casa com base nos sentimentos que queremos que o espaço passe. Há uma verdade nisso. De acordo com um artigo na revista Forbes, os empresários podem influenciar muito mais do que o humor de seus clientes por meio da seleção de cor. As cores quentes, como marrom e vermelho, podem realmente fazer uma pessoa se sentir mais quente, enquanto cores frias como azul podem fazê-las sentir mais frio – e tudo isso pode realmente se traduzir em economia com aquecimento ou arrefecimento de ambientes. Se a cor de um prato contrasta com a cor dos alimentos nele, as pessoas pensam que estão comendo mais e diminuem os tamanhos das porções. Há também a hipótese de que a cor da iluminação de um local pode ter um efeito ainda mais drástico em influenciar as ações das pessoas. Em 2000, a cidade de Glasgow, na Escócia, mudou alguns de seus postes para emitir luz azul, uma cor que tem sido tradicionalmente associada a um efeito calmante. De acordo com as autoridades da cidade, o crime nas áreas onde as luzes azuis foram instaladas caiu drasticamente. O Japão seguiu o exemplo e houve uma queda de 9% no crime depois da adoção da iluminação azul. A luz serviu até para diminuir as taxas de suicídio em uma plataforma de trem em Nara notável por ser um ponto que as pessoas escolhiam para terminar com suas vidas.
Chama-se “ilusão Delboeuf”, um fenômeno bem documentado desde 1865. Quando você se depara com duas porções de tamanho igual, uma em um prato grande e uma em um pequeno, a do prato pequeno parece maior. Estudos mostram que pessoas que recebem pratos maiores colocam, em média, 13% mais alimentos neles do que aquelas que recebem pratos menores. A mesma coisa acontece quando estamos servindo uma bebida. Se você tentar colocar uma dose em um copo maior que o de dose, vai ter muita dificuldade, porque seu cérebro não consegue superar a ilusão de tamanho relativo. Além disso, é normalmente mais difícil para o cérebro humano julgar comprimentos verticais; até bartenders experientes em geral pensam que um copo estreito detém mais líquido do que realmente detém.
Não importa o quão moral você pensa que é, você ainda pode ser influenciado por seu entorno a cometer atos pouco honrosos. Esse efeito é parte da teoria “Janela Quebrada”, desenvolvida pelos psicólogos James Wilson e George Kelling. A teoria afirma que, quanto mais degradada é uma área, mais ela será percebida como “fora da lei”. Isso, por sua vez, torna as pessoas mais propensas a assumir que infringir a lei ali é pelo menos um pouco aceitável. Um experimento realizado na Holanda apoiou essa ideia concluindo que as pessoas eram duas vezes mais propensas a tirar dinheiro de uma caixa de correio se houvesse sinais de negligência na propriedade circundante. Outros estudos, como um feito na Universidade de Stanford (EUA), também comprovaram a teoria. Carros intocados não foram mexidos em ruas desertas, mas um carro que já tinha sido vandalizado foi despido dentro de um dia. Mesmo o carro que tinha ficado intocado por tempos foi destruído em questão de horas depois que os pesquisadores o acertaram apenas uma vez com uma marreta.
Comic Sans – a simples menção dessa fonte é suficiente para evocar imagens do convite da festa de aniversário de uma criança ou de um anúncio feito pelo primo do dono do local. Sabemos que não é uma letra usada em revistas acadêmicas ou em jornais de renome. E, se você achou que isso não importava nada, saiba que a fonte usada em qualquer história, notícia, blog, etc influencia a probabilidade de acreditarmos na informação relatada. Em 2012, o colunista Errol Morris, do jornal americano New York Times, fez um experimento: usou uma passagem de um livro sobre a probabilidade de um evento cataclísmico acontecer na Terra, pediu para as pessoas a lerem e, em seguida, perguntou quantas acreditavam na passagem (sob o disfarce de um questionário sobre otimismo versus pessimismo). O questionário foi programado para ser exibido em uma de seis fontes aleatórias: Trebuchet, Computer Modern, Baskerville, Georgia, Comic Sans ou Helvetica. No final do estudo, 45.524 pessoas haviam respondido o quiz. O resultado? Baskerville teve uma vantagem de 1,5% em relação aos outros tipos de letra em levar as pessoas a concordarem com a passagem. Enquanto isso pode não parecer muito, as consequências poderiam ser potencialmente desconcertantes se tomadas no contexto de eleições ou de vendas, por exemplo. Os psicólogos que analisaram o estudo, incluindo David Dunning da Universidade de Cornell (Reino Unido), acreditam que isso acontece porque nós damos mais credibilidade a algo que parece formal, e inconscientemente processamos essa informação como mais confiável.
Hoje, assustamos com a ingenuidade das pessoas que caem em armadilhas e sofrem golpes bizarros sem se dar conta de que não conheceram realmente um príncipe nigeriano nem vão receber o dobro do que investiram naquela ideia brilhante. Mas psicólogos sugerem que não podemos fazer nada para melhorar nossas chances de não cair nessas mentiras. Na verdade, quanto mais esperto alguém é, de forma mais ingênua age. Parte disso tem a ver com o ego; os mais inteligentes são menos propensos a acreditar que podem ser enganados, e assumem que vão notar de cara se estiverem sendo ludibriados. Excesso de confiança é quase sempre ruim. Também, enfrentamos outro problema: estamos programados para confiar em fontes que são tidas como confiáveis, por exemplo, professores e médicos. Por isso, acreditamos quando um Dr. Qualquer Coisa nos manda fazer absurdos para melhorar a saúde, ou quando um Professor Fulano De Tal diz que a Terra vai acabar em dez dias. Há também a ideia de que existem diferentes tipos de inteligência – a que levou alguém a ter uma carreira de sucesso pode não ser o mesmo tipo que permite que alguém perceba um esquema fraudulento.
Por fim, de acordo com o psicólogo Stephen Greenspan, a inteligência muitas vezes pode se curvar diante da pressão social explorada por muitos golpes, ou quando a pessoa é confrontada com a possibilidade de um resultado que nem “parece bom demais para ser verdade”, ou seja, um resultado modesto o suficiente para ser razoável. A inteligência ainda pode perder para outro fator: a bondade. Não importa o quão inteligente uma pessoa seja, se for também muito gentil pode cair na lábia de uma pessoa aparentemente dócil, ou não conseguir recusar uma oferta depois de ficar em uma reunião por várias horas. A inteligência não é, certamente, páreo para a emoção (especialmente a que vem com promessas de riqueza).
Na década de 1950, um homem chamado James Vicary foi o primeiro a experimentar com mensagens subliminares piscando a frase “Beba Coca-Cola” em telas de cinema enquanto filmes passavam. Ele alegou que sua campanha funcionou e que as vendas aumentaram nas salas de cinema, mas a ciência ainda tinha dúvidas da eficácia do uso de mensagens subliminares. Desde então, pesquisadores da Organização Holandesa para Pesquisa Científica têm mostrado que, apesar dos resultados de Vicary serem falsos, mensagens subliminares funcionam mesmo. Voluntários holandeses foram expostos às mensagens subliminares “beber” e “sedento” e, em seguida, os cientistas mediram quão propensos eles eram a aceitar uma bebida. Variações no estudo levaram os pesquisadores a concluir que mensagens subliminares só funcionam sob certas condições: é preciso que haja uma recompensa agradável em ceder à mensagem subliminar, os pensamentos precisam ser plantados antes da chance de realização dos mesmos, e é preciso que haja uma associação pré-existente com a recompensa que a torne agradável. Outros estudos, incluindo um da Universidade College London (Reino Unido), apoiam também a ideia de que o cérebro humano é inconscientemente consciente de coisas que acontecem muito rápido para registrarmos conscientemente (ufa!), especialmente emoções negativas. Voluntários foram expostos a uma variedade de mensagens subliminares e depois tiveram que indicar se a mensagem era neutra ou emocionalmente carregada. Os voluntários foram surpreendentemente precisos, e foram mais precisos quando as palavras eram negativas.
Você está em uma reunião, e seu chefe conta uma história sobre como fez sua primeira venda difícil. Você também recebe uma lista com todos os tipos de estatísticas, fatos e números. Que informação você vai se lembrar melhor no dia seguinte? Mesmo que a lista contenha os mesmos dados da história, você vai ser capaz de se lembrar de mais detalhes da história. Isso porque contar histórias é uma coisa incrivelmente poderosa: é uma forma muito mais interessante de receber informações. Quando olhamos uma lista, somente as partes do cérebro chamadas de área de Broca e de Wernicke são ativadas. Uma boa história ativa diferentes partes do cérebro, como as que interpretam linguagem e as que se relacionam com a nossa própria percepção sensorial. Contar histórias estabelece algo que uma lista simplesmente não consegue – uma conexão com a pessoa que a está contando. Essa conexão pode fazer toda a diferença quando se trata de lembrar do que a informação se tratava. Mais do que isso, a conexão nos investe na história. Vemos personagens em vez de fatos secos, e queremos saber como ela termina. Esse desejo de encerramento tem um outro efeito, também: ficamos mais tolerantes. Nos tornamos menos críticos em relação à informação, permitimos mais improbabilidades em prol da narrativa e suspendemos o ceticismo, mesmo sem perceber que estamos fazendo isso. Se é uma boa história, vamos desculpar qualquer inconsistência. Se for uma variedade seca dos fatos, não. Tão grande é o poder de contar histórias que alguns pesquisadores defendem a ideia de que a ficção é mais eficaz para mudar nossos pontos de vista e sistemas de crenças do que apenas fatos científicos, por exemplo.
Um experimento conduzido com 700 mil usuários da rede social Facebook no período de uma única semana em 2012 descobriu que o feed de notícias pode influenciar o humor das pessoas. Se ele apresenta mais palavras positivas, o status das pessoas também é mais positivo, e vice-versa. Ou seja, há uma mudança na emoção das pessoas que acompanha o tipo de notícia a que elas são expostas. De acordo com o estudo, as pessoas nem sequer têm que estar fisicamente em torno de outra pessoa de mau humor para absorver a negatividade – ela pode ser “apanhada” só de olhar para uma tela de computador. Aliás, não é preciso ter nenhum tipo de conexão pessoal ou emocional para esse contágio acontecer.
Por: DEBRA KELLY
Do original: 10 Reasons You Aren’t In Control Of Your Own Decisions
Via: Hypescience
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