Para muitas pessoas, há uma dificuldade imensa em pedir desculpas, como se fosse preciso muito esforço para olhar nos olhos do outro e pedir perdão. Orgulho, vergonha, birra, inúmeras podem ser as causas desse comportamento, porém, se essas pessoas soubessem o alívio que essa atitude traz, nunca mais hesitariam em praticá-la.
O perdão é algo que deve ser cuidado, analisado, refletido, para que não seja banalizado. Perdoar não pode ser algo usual e, da mesma forma, pedir perdão não pode ser algo isento de verdade. Ter que pedir desculpas várias vezes para a mesma pessoa indica descompasso, desinteresse. Perdoar tudo reiteradamente da mesma pessoa vai gerando displicência com os próprios sentimentos, negligência em relação a si mesmo, como se nada valêssemos, como se tudo permitíssemos.
Todos precisamos perceber quando magoamos alguém e, para tanto, há que se olhar para fora, há que se colocar no lugar do outro. Conviver requer adequação ao que nos rodeia, requer ouvir o outro, prestar atenção no que não é só nosso. Perceber que as ações atingem outras pessoas é o começo de tudo, porque é assim que a gente entende que não conseguiremos com que todos sirvam aos nossos desejos. É assim que somos capazes de nos compadecer da dor alheia por nós causada e tentamos nos redimir.
Entretanto, pedir perdão requer perdoar a si mesmo. Se a gente carrega peso de culpa, fica mais difícil tentar se livrar do que emperra aqui dentro. Temos que nos perdoar por ter agido errado, por ter escolhido mal, por ter falado o que não deveríamos, por ter calado quando não poderíamos, por ter agido como agimos. Se a gente errou e aprendeu, se erraram conosco e sobrevivemos, então é hora de seguir, sem essa culpa toda. É assim que ficamos aptos a pedir desculpas com consciência e verdade.
Você tem que aprender a pedir desculpas às pessoas. Você também tem que aprender a pedir desculpas a si mesmo por ter aceitado situações que, na verdade, você não merecia. O perdão começa dentro da gente.
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