NOTA INICIAL: Antes de começar a contar a história quero deixar claro que esse texto é direcionado a pessoas que sofrem devido ao seu peso atual. É escrito única e somente para aqueles que precisam e/ou querem saber mais sobre o assunto. O trabalho não possui a intenção de reforçar a ditadura da magreza e, de forma alguma, visa estimular qualquer tipo de discurso gordofóbico.
Agora “senta que lá vem história…”
Há alguns anos eu fazia parte da equipe de profissionais que avaliava e acompanhava pessoas que tinham a intenção e a indicação médica de se submeterem a cirurgia bariátria. A equipe era comporta de enfermagem, médico responsável, nutricionista, avaliador físico e, eu, psicóloga.
Quando, num primeiro momento, conversavamos com as pessoas, individual e depois nos encontros do grupo, ficava claro que elas sofriam por questões físicas decorrentes do excesso de peso (hipertensão, diabetes, dificuldades de locomoção, etc), mas que, também, em grande parte dos casos, sofriam com questões de autoimagem e sonhavam um dia ter um corpo dentro do esperado pelos padrões sociais.
Havia os casos em que as pessoas tinham ganhado peso, gradativamente, ao longo de toda vida e, outros, em que elas tinham sofrido mudanças corporais após situações específicas como gestação, uma mudança de rotina, uma doença que exigia o uso de medições específicas, etc.
Entretanto, os casos em que a pessoa já lutava com a balança ao longo de toda a vida apareciam em número significativo, inclusive nas situações em que o peso passava a incomodar a pessoa depois de uma mudança na vida, tal como uma gestação, troca de trabalho ou cidade, separação, uso contínuo de uma medicação específica. Assim, só para ilustrar, uma mulher poderia dizer que nunca foi magrinha e que antes era até “gordinha”, mas que, depois da gestação, não conseguiu mais voltar ao peso anterior.
Mas o que me chamava atenção era….
O que me chamava a atenção nesses grupos e era uma das questões que eu mais trabalhava é que, depois da cirurgia e da perda de peso, em diversos casos, a pessoa desviava o que antes poderia ser, por exemplo, uma “compulsão alimentar” para outros aspectos de sua vida. Ou seja, uma pessoa que antes “acalmava” suas questões comendo muito, depois da cirurgia, passava a gastar demais, beber muito, ter inúmeros parceiros/ parceiras sexuais, problemas com jogos compulsivos ou mesmo continuava tentando comer muito e, por não poder, ficava depressiva.
Outra coisa que acontecia com frequência, após uma cirurgia bariátrica, era a separação conjugal.
Esses exemplos são válidos para qualquer pessoa que quer emagrecer porque,:
“…muitas vezes, o excesso de peso é apenas um sintoma de algo muito maior -e até desconhecido- da pessoa que o tem.”
E é por isso que tanto as pessoas que fazem a cirurgia, quando as que fazem dietas por um período de tempo, voltam a ganhar peso tempos depois. Ou seja, a cirurgia ou uma dieta específica dificilmente será o suficiente para sanar questões emocionais relacionadas ao autoconhecimento e a comportamentos consolidados por toda uma vida.
Tenho que olhar o físico, tenho que olhar o emocional, tenho que olhar o físico, tenho que olhar o emocional
Embora pareça óbvio, quero concluir esse texto lembrando que é preciso entender a globalidade do nosso corpo e a maneira como o emocional afeta o físico, assim como o físico afeta o emocional, pois mesmo que o ganho de peso tenha sido decorrente de um adoecimento, as sequela dele, o que isso tudo acarreta na pessoa tendem a abalar o seu emocional. E, digo mais, é preciso cuidar do emocional para que a pessoa esteja centrada para conseguir mudar os hábitos e ter resultados efetivos, pois as questões físicas, tais como problemas hormonais, podem tornar a perda de peso ainda mais difícil e emocionalmente frustrante, caso a pessoa não tenha o acolhimento e o suporte adequado.
Sendo assim, fiquem comigo e me acompanhem em meus textos, vídeos e cursos que estarei com vocês nessa jornada ajudando cada pessoa- que possui uma história de vida única- na identificação dos problemas iniciais que estão causando sofrimento e desconforto, no fortalecimento emocional necessário para lidar com o problema. Meu trabalho visa oferecer técnicas e dicas de autoconhecimento, e, finalmente, trabalhar para que cada um aumente sua tolerância a frustração para lidar com os momentos mais difíceis, encontre novas formas de prazer, identifique e até direcione suas compulsões para aspectos mais positivos da vida, e, finalmente, seja capaz de permanecer em suas metas e conseguir resultados reais e permanentes.
Imagem de capa: Photo by AllGo – An App For Plus Size People on Unsplash
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Josie Conti, psicóloga.
CRP: 06/66331
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