A criadora deste projeto é Tainá Antonio, uma jovem de 24 anos, moradora de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Sua proposta é democratizar a prática do yoga. Tainá está sendo instrutora do projeto “Yoga Marginal” há três anos e meio; a iniciativa oferece aulas em favelas, periferias ou, como Tainá gosta de dizer: “Vou escolhendo o chão onde os meus pés pisam e onde eu carrego o Yoga”.
A professora também conta que os motivos de escolher “determinados locais (…) são porque existem determinadas gentes”. E é sobre essas “gentes” que o trabalho de Tainá se preocupa. Ela conta que o projeto surgiu quando ela percebeu os espaços em que ela praticava Yoga, o nome ‘Yoga Marginal’ também veio daí.
Praticar o Yoga em aulas ou estúdios era, segundo Tainá, algo “bom e ruim”. Bom por ser algo legal de ser feito, mas ruim por achar que aquilo não era para ela ou que ela não deveria estar lá por ser a única mulher negra ou a única pessoa da Baixada Fluminense. Após estudos e amadurecimento pessoal, a percepção de Tainá mudou e a partir daí o projeto tomou forma.
“Era minha função estar lá dentro, aproveitar um pouco desse privilégio e depois retornar, de uma outra maneira, com uma outra metodologia, para a Baixada Fluminense, para as periferias. A ideia do Yoga Marginal surge nisso, de ressignificar os espaços de Yoga, os padrões de cor e o esteriótipo que a gente cria das pessoas que fazem Yoga, que normalmente são pessoas brancas e ricas. Quando eu coloco o Yoga ao lado da palavra ‘marginal’, é um Yoga que parte das margens para as margens”, conta Tainá Antonio.
Durante as aulas, a instrutora Tainá aplica a “metodologia marginal”. Em uma luta contra o racismo e o machismo, a metodologia se baseia na ideia de que novas formas possam surgir dentro da prática do Yoga, para assim torná-lo cada vez mais democrático e acessível. Essa nova forma criada pela professora aparece em diversas publicações do projeto e nos mantras construídos nos encontros, Tainá usa trechos de música e até versos da Bíblia para se aproximar das pessoas. “Eu uso trechos de rap e funk, trechos da Bíblia, para mostrar que o nosso cotidiano, tudo que fazemos já tem preceitos do Yoga”, conta a instrutora.
Um dos momentos no qual viu com mais êxito a realização das metodologias marginais foi quando deu uma aula no Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas). Tainá conta que “ainda está processando” esse dia. Segundo ela: “Nós conversamos e nos conectamos muito no Degase, vimos que o Yoga é uma ferramenta poderosa e acessível”.
Criada durante uma aula em um pré-vestibular comunitário em Caxias, o “Sarrayoga” é um momento de brincadeira desenvolvido por Tainá. A ousadia de misturar posições de Yoga com movimentos de funk e do axé é feita para gerar, além de um momento de diversão, curiosidade para as pessoas que não conhecem o Yoga. “É uma possibilidade para pessoas que não entrariam no universo do Yoga pela prática em si, mas que entram pelo rebolar, pelo funk, pelo se divertir, e depois começam por curiosidade, conhecem a prática do yoga de uma outra perspectiva. Tem tido uma repercussão muito potente”, conta a jovem.
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